Em Santa Catarina, entre 20% e 40% das crianças não têm acesso a um pediatra

A Sociedade Catarinense de Pediatria (SCP) participa, neste domingo (30/11), da mobilização nacional, convocada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em defesa do direito de toda criança ser atendida por um pediatra. A ação integra a campanha nacional “Pediatra na atenção primária: qualidade desde o primeiro contato” e ocorrerá em todas as capitais do Brasil. Em Florianópolis, o encontro será às 10h, no Parque da Luz, reunindo médicos, famílias e apoiadores da causa. Personagens infantis estarão presentes para interagir com as crianças e aproximar ainda mais o tema das famílias.

Em Santa Catarina, dependendo da região, entre 20% a 40% das crianças não têm acesso a um pediatra, seja nas consultas de rotina ou nos atendimentos por doença. “A mobilização deste domingo reforça algo que nós, pediatras, vivenciamos diariamente. Crianças não são pequenos adultos e precisam de profissionais especializados para garantir um desenvolvimento saudável. Em nosso Estado milhares de crianças deixam de receber uma avaliação adequada, o que impacta diretamente no diagnóstico precoce, na prevenção e na orientação às famílias. É por isso que estar na rua neste domingo tem um propósito tão claro que é defender o direito de toda criança ser atendida por um pediatra, desde o nascimento até a adolescência. É um compromisso com a infância e com o futuro”, afirma a presidente da Sociedade Catarinense de Pediatria, Rose Marcelino.

Panorama da saúde infantil em Santa Catarina

Levantamento realizado pela SCP, em parceria com a Associação Catarinense de Medicina (ACM), em 2024, trouxe um panorama sobre o perfil da saúde na infância em Santa Catarina.

A pesquisa mostra que 69% das crianças catarinenses dependem exclusivamente do SUS e apenas 18% utilizam planos privados. Nas consultas de rotina, 72,2% são atendidas por pediatras, mas esse índice cai para 59,3% na Serra — o que significa que entre 28% e 41% das crianças não recebem atendimento com especialista em pediatria.

Nos atendimentos por doenças e emergências, apenas 54% das crianças passam por pediatras, e nas regiões Serrana e Oeste esse número cai para 44%. A maioria das mães (82,1%) busca atendimento em emergências de hospitais e UPAs, enquanto apenas 35% procura as Unidades Básicas de Saúde — o que aumenta custos e sobrecarrega serviços de urgência.

O levantamento mostra ainda que a resolução do problema de saúde é maior quando a criança é atendida por pediatra (82%), caindo para 65% quando o atendimento é feito por outro médico e para apenas 46,4% quando realizado por enfermeiro ou assistente. A confiança das famílias também é superior no atendimento pediátrico: 78,6%.

Alerta para a ausência do pediatra na sala de parto

O estudo também aponta pontos críticos desde o início da vida. Santa Catarina apresenta taxas de cesárea de 57%, quase quatro vezes mais que o ideal recomendado pela OMS (15%). Em 20% dos partos não há pediatra presente, apesar de ser uma exigência legal.

Uma em cada dez crianças necessita de intervenção imediata após o nascimento. Além disso, 20% já nascem com risco aumentado para obesidade, cardiopatias, síndrome metabólica e lesões cerebrais, indicadores que reforçam a importância da presença de um pediatra desde o primeiro minuto de vida.

“A pesquisa reforça evidências já conhecidas. Do nascimento à adolescência, o olhar do pediatra faz diferença no desenvolvimento global da criança e por isso convidamos toda a população a estar conosco nesta grande ação no domingo”, afirma a vice-presidente da Sociedade Catarinense de Pediatria Camila Lanzarin.

Serviço

O quê: “Mobilização Nacional Pediatra na atenção primária: qualidade desde o primeiro contato”

Quando: Domingo, 30 de novembro

Horário: 10h

Local: Ponte Hercílio Luz — Florianópolis

Realização: Sociedade Catarinense de Pediatria (SCP)