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- 13 de out.
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Mulheres negras lideram transformações econômicas e culturais que terão destaque no Delas Summit 2025, em Florianópolis
Santa Catarina vive um momento singular na consolidação do empreendedorismo feminino. Segundo o relatório Empreendedorismo Feminino 4º Trimestre de 2024, desenvolvido pelo Sebrae Nacional a partir de dados da PNAD Contínua do IBGE, o Estado alcançou a marca de 425,7 mil mulheres empreendedoras, o que corresponde a 35,9% do total de empreendedores locais. Esse índice coloca o Estado em posição de destaque nacional, como um dos que conta com maior participação feminina na população economicamente ativa dedicada a negócios próprios.
Apesar desse avanço expressivo, os dados revelam disparidades importantes quando o recorte é racial. A pesquisa mostra que 83,1% das empreendedoras catarinenses se autodeclaram brancas, enquanto apenas 15,9% se identificam como negras (pretas e pardas). Ainda assim, observa-se uma evolução significativa: em 2012, o percentual de mulheres negras donas de negócios era de apenas 7,6%. Em pouco mais de uma década, esse número dobrou, revelando um movimento de ascensão do afroempreendedorismo feminino no Estado.
Esse crescimento, no entanto, não elimina os desafios na sociedade e no mercado de trabalho. A diferença entre os percentuais demonstra barreiras estruturais enfrentadas por mulheres negras, relacionadas ao acesso a crédito, à formação profissional, à inserção em redes de negócios e à superação do racismo estrutural. Mesmo diante dessas limitações, as afroempreendedoras têm ressignificado espaços econômicos e culturais, fortalecendo iniciativas de impacto social e criando redes de apoio que valorizam identidade, diversidade e inovação.
A médica e empresária Sabrína Aroucha, fundadora da clínica de pediatria e saúde da mulher - CAIC, no bairro Estreito, em Florianópolis, ilustra esse movimento. Para ela, o maior desafio não foi exatamente no campo do empreendedorismo, mas no exercício da medicina. “Como mulher negra, percebi que em muitos espaços da carreira médica as portas simplesmente não se abriam. Empreender foi, então, uma oportunidade de me reinventar. Diferente de muitas mulheres pretas, que começam a empreender pela necessidade, no meu caso foi uma chance de criar algo novo dentro da minha própria trajetória. Ainda assim, o fato de ter um CRM e o título de médica me abriu portas que muitas outras empreendedoras pretas não encontram, especialmente no acesso a crédito e na conquista de respeito mais imediato”, conta.
Sabrína reforça que o afroempreendedorismo vem se fortalecendo em Santa Catarina e no Brasil, ampliando sua presença e protagonismo em diferentes setores. “Vejo esse movimento crescendo não só em números, mas em faturamento e impacto. Temos nos capacitado, criado redes, nos apoiado mutuamente e ocupado espaços que antes pareciam inatingíveis. É fundamental que o afroempreendedor esteja em todos os setores da economia, não apenas ligado a causas sociais. Esse é um caminho para mudar o cenário econômico brasileiro”, afirma a empresária.
Para além do impacto econômico, Sabrína destaca a importância da representatividade. Na clínica, muitas mães relatam que valorizam o fato de a liderança ser exercida por uma mulher negra, o que inspira seus filhos a acreditarem em novas possibilidades. Um de seus pacientes, após anos de acompanhamento, declarou o desejo de se tornar empresário inspirado em sua trajetória. “Na minha infância, não tive contato com médicos negros. Hoje, sinto que o meu papel é também inspirar a nova geração, mostrar que eles podem ocupar lugares de liderança e transformar realidades. Isso, para mim, é tão importante quanto cuidar da saúde”, conclui.
Iniciativas como o Delas Summit 2025, que será realizado em Florianópolis, reforçam a importância de promover espaços de visibilidade, capacitação e networking para mulheres empreendedoras. O evento, reconhecido como o maior do Sul do Brasil voltado ao empreendedorismo feminino, destaca a diversidade como um motor de inovação e terá o afroempreendedorismo entre os temas centrais.
“Diante desse cenário, é fundamental trazer luz ao afroempreendedorismo feminino, demonstrando como as mulheres negras estão criando soluções inovadoras, redes de apoio e fortalecendo a representatividade, ressignificando espaços econômicos e culturais no Sul do país. O futuro do empreendedorismo na região está profundamente conectado à diversidade e à potência das mulheres”, completa Marina Barbieri, coordenadora do Sebrae Delas em Santa Catarina.
SOBRE O DELAS SUMMIT 2025
O Delas Summit é o maior evento de empreendedorismo feminino do Sul do Brasil, promovido pelo Sebrae/SC, por meio do Programa Sebrae Delas. Em sua próxima edição, que será realizada nos dias 30 e 31 de outubro no CentroSul, em Florianópolis, o encontro reunirá mais de 6 mil mulheres, 120 palestrantes, 300 expositoras e uma ampla programação de conteúdo, experiências e networking. Entre os destaques estão a etapa nacional do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2025 (PMSN), que reconhece trajetórias de sucesso em cinco categorias, e a Caravana Sebrae Delas, iniciativa itinerante que percorre diversas regiões do Brasil com ações de educação financeira e acesso ao crédito, e que terá parada especial no evento. Os ingressos podem ser adquiridos pelo link: https://delassummit.com.br/
SOBRE O SEBRAE/SC
O Sebrae/SC comemora, em 2025, 53 anos de dedicação ao fortalecimento dos pequenos negócios e ao fomento do empreendedorismo em Santa Catarina. Com presença em todas as regiões do Estado, a instituição oferece soluções que impulsionam o desenvolvimento econômico e social, apoiando milhões de empreendedores ao longo de sua trajetória. Reconhecido nacionalmente, o Sebrae é hoje a 4ª marca mais valiosa do país, com um ativo de R$ 33,9 bilhões, reflexo de sua credibilidade, impacto e compromisso com a transformação dos territórios onde atua. Em Santa Catarina, o Sebrae é parceiro estratégico de quem faz o estado crescer.
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